Bino não bebe café
Se um dia me sair o euromilhões, sou homem para abrir um café, ou mesmo uma tasca.
Coisa fina, é claro. Com esmerado serviço de bar, ambiente seleccionado e letreiro a anunciar "nova gerência".
Bem sei que a localização é fundamental para o sucesso de qualquer café. O meu terá de ser à beira duma estrada movimentada, à beira-mar, ou então à beira dum posto da GNR ( resumindo, à beira de qualquer coisa).
Depois vem o nome, outro pormenor que pode decidir o sucesso ou a falência de qualquer projecto desta natureza. Costumo percorrer imensos quilómetros por essas terras de Portugal, sempre reparando no nome de cafés, bares e restaurantes por onde passo, e concluí que há nomes que desafiam os limites da imaginação humana. Por exemplo, " Café Central " ou mesmo, "Restaurante, o Emigrante". Quem terá sido o génio que inventou semelhantes nomes ? Desconheço, mas fico verde de inveja perante tanta imaginação.
Ah ! Mas o meu ainda será melhor, porque se um dia tiver um café há-de chamar-se "o Camonista " .
Que acham ? Parece-me ser um caso excepcionalmente feliz na forma como acumula várias boas características. Reparem, consegue ter um erro ortográfico, o que agrada à maioria dos portugueses; depois, agrada a profissionais do volante em geral e a camionistas, em particular; agrada também a camonistas (isto é, a intelectuais admiradores ou estudiosos de Camões ) e ainda a " Camones " (aqueles turistas da Europa civilizada, embora por vezes de pé descalço e a tresandar ).
Parte 2 - Em busca do café Princesinha ( baseado parcialmente em acontecimentos ocorridos comigo na semana passada ).
Um estranho sentimento avisava-me para não pedir informações àquele indivíduo estranhamente parecido com um dos rapazes que entram no Gato Fedorento, mas não havia mais ninguém nas redondezas, pelo que arrisquei:
- Se faz favor, sabe informar-me onde fica o café Princesinha ?
- Olhe, tem já aqui um café.