segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A reaparição dos irmãos Aparício (continuacion do post anterior)

(convém ler primeiro o post antes deste)
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É nas horas difíceis que se vê quem são os verdadeiros amigos. Quanto mais se afastavam da roulotte de Stephanie, mais pesava a consciência aos Aparícios. Se calhar fizemos mal em ter vindo embora, disse Samuel. O Cabrita pode estar em apuros.
Vítor sugeriu, o melhor é tirarmos à sorte para saber se devemos voltar
(A quem não conhece Vítor Aparício, nem dele nunca tenha ouvido falar, saiba que este espantoso trapezista andava sempre munido dum baralho de cartas de jogar. A teoria dominante acerca disso era a de que Victor tinha o vício do jogo. Embora ele rejeitasse a acusação alegando que preferia sexo às cartas).
Vítor exibiu o baralho a Samuel e combinaram que se saísse uma carta de naipe vermelho voltariam para trás.
Samuel puxou uma carta e virou-a:
- Terno de paus.
Tu não baralhaste, queixou-se Samuel. Vítor concordou.
Baralharam-se as cartas e uma nova carta foi retirada.
-Rei de espadas.
Baralhaste mas não me deixaste cortar, reclamou novamente Samuel.
Três tentativas mais e sempre saindo cartas negras. Até que finalmente apareceu a manilha de copas. Obedientes ao destino decidido pelas cartas, os Aparícios regressaram.
Mas ainda não tinham dado talvez meia dúzia de passos, puderam ouvir, na escuridão da noite, um barulho e um gemido. Perceberam que alguém, sofrendo com dores, estava caído no chão tentando erguer-se. Os Aparícios correram em auxílio reconhecendo o Cabrita. Enquanto o ajudavam a levantar-se, a luz dum súbito raio de lua surgido por entre as nuvens revelou-lhe a cara ensanguentada. Notaram também, debaixo dos seus pés, esfrangalhado no chão, o ramo de flores que tinham visto Antero transportar ainda há pouco
Samuel, furioso, desatou a correr no sentido da roulotte de Stephanie.
Onde vais tu? Perguntou Vítor.
Fica aí a socorrer o patrão que eu vou dar uma sova ao Antero. Filho da puta do anão está muito enganado se julga que isto fica assim.
Samuel tem calma, ordenou Cabrita.Calma não, senhor. Eu sou um antigo pára-quedista, fui treinado para resolver certas situações de forma violenta. E esta é uma delas, vou dar cabo do Antero.


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