domingo, 19 de julho de 2009

Barradas, o Virgem

A dúvida atormentava o jovem Barradas. No dia da ida à inspecção militar a Coimbra, o mancebo aproveitou para ir às putas e finalmente perder a virgindade. Confessou mais tarde, aos amigos, que após três breves bombadas o caralho saltou para fora. E foi justamente nesse momento, sem conseguir voltar a enfiá-lo, que ele inevitavelmente se esporrou.
Disse-lhe que sossegasse. Apesar de tudo a tentativa era válida e portanto, não era mais virgem. Mas Barradas não se deixava convencer e a dúvida persistia.
Os meses foram passando e a questão, em vez de serenar, agitava cada vez mais o nosso amigo. Chegou-se a um ponto em que já não conseguiamos aturá-lo e decidimos adoptar medidas extremas.
Lembrámo-nos duma moça cá da terra, a Geninha, que tinha reputação de ser maluca por homens. Mas parecia ser mais a fama do que o proveito, porque quando lhe fizemos a conversa a fim de saber se haveria hipótese de ela estar disposta a desonrar o Barradas, a rapariga ficou completamente transtornada e ofendida connosco.
-Então e se fosse a pagar? – Perguntei, para ver se a acalmava. Mas nem isso a fez mudar de ideias. Pareceu-me até, que ficou ainda mais irritada.
O desespero do Barradas era tanto que nem tivémos coragem de lhe contar a verdade. “Ficou de pensar. Tem calma que a Genhinha ficou de pensar no teu caso...”
Entretanto, os irmãos Aparício souberam do nosso problema e vieram ter connosco.
- A Geninha é nossa prima e pediu para a gente vir cá dar-vos um arraial de porrada, por causa do que vocês lhe foram pedir. – Comecei a imaginar-me nas urgências do hospital. De repente, lembrei-me duma coisa:
- Então e eu? Também sou vosso primo...
Eles riram-se. “Ó cabronada, acharam mesmo que a gente vinha cá bater-vos? Estávamos no gozo”. E eu, já mais sossegado, quis saber se a Geninha se tinha mesmo queixado. E eles, “não. O que ela disse, foi que estava arrependida de ter reagido mal, quando foram falar com ela. Mas que, por acaso, até tinha interesse em foder com o Barradas”. E nós, surpreendidos, “a sério?”.
- Olhem, é assim: para a semana os pais da Geninha vão numa excursão à Serra da Estrela e até dormem lá. De maneira que ela, nesse fim-de-semana fica sozinha em casa e mandou dizer que se o Barradas quiser que vá ter a casa dela, no Sábado, às 10 da noite e que leve camisas de vénus porque é para foder.
Mas o Barradas não engoliu a história, “isso é mentira, ela também vai na excursão.”
E os Aparícios insistiram que não, que a Geninha ficava.
Para resolver o impasse e dar confiança ao Barradas, ofereci-me para averiguar a situação e combinar melhor o encontro sexual com a Geninha.
Os Aparícios eram os mensageiros dela e eu o representante do Barradas. No Sábado à noite já estava tudo devidamente combinado. Por volta das 9 e meia, à porta do café do Mocho, dei as últimas instruções ao Barradas, “portanto vê lá se percebeste tudo e não fazes merda: a porta da rua tem as chaves por fora. Abres a porta, tiras as chaves e entras. Colocas as chaves na fechadura, mas pelo lado de dentro. Atenção que não podes acender as luzes”. E o Barradas, “como é que eu vejo?”. Não te preocupes, a claridade da Lua alumia pelas janelas. Presta atenção: vais às escuras pelo corredor e entras no quarto da Geninha, que é logo o primeiro à direita. Percebeste? Primeira porta à direita. Entras no quarto da Geninha que ela, porque é muito tímida, há-de estar na cama, já deitada, à tua espera. Tu chegas e enfias-te na cama ao pé dela. Não te esqueças que tens de lá estar às 10 horas em ponto e em caso nenhum podes acender a luz. Percebeste? O Barradas fez que sim com a cabeça. Dei-lhe duas palmadinhas nas costas. Porreiro pá, então adeus.
Eu e o Muralha começámos a andar. E o Barradas, “Eh! Onde é que vocês vão?”. E nós, vamos embora. O Muralha tem que ir entregar umas cassetes ao video clube. E tu, daqui a 15 minutos tens que estar na casa da Geninha, onde irás matar de vez a tua virgindade. E o Muralha, “aproveita que ainda tens uns minutos, bebe um copo para ganhar coragem”. E eu reforcei, “ às 10 horas já sabes o que tens a fazer. Adeus”.
Virámos a esquina, entrámos no meu Ford Escort e fomos embora.

A casa dos pais da Geninha é uma vivenda que fica isolada do resto das casas cá da terra. Deixámos o Ford estacionado nas traseiras da casa. Um dos Aparícios abriu a porta. Então o Barradas acreditou?
- Ele aparece. – Respondi.
- Pois, mas eu é que não vou enfiar-me naquela cama. – Garantiu Vítor.
Mostrei-me lixado. Porra, não vais como? E ele, estive a pensar melhor e não quero deitar-me com o Barradas.
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(continua quando me apetecer escrever o resto)

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